Albino Joaquim Rodrigues
Não se sabe muito a respeito de Albino Joaquim Rodrigues da freguesia de Ribeiros. Conhece-se o essencial para lhe devermos gratidão pela oferta que fez em dinheiro para a sua freguesia. Nasceu no dia 19 de Março de 1862 na freguesia de Ribeiros concelho de Fafe, e morreu em data não detectada nas pesquisas efectuadas.
Localizámos a sua residência em Itabocal, no município de
Irituia, Estado de Pará no Brasil. Era um rico comerciante. Ainda se conhece
que era filho natural de Benedita Rodrigues, de Ribeiros, naturalizado
brasileiro e que não tinha herdeiros ascendentes nem descendentes.
Depois da sua morte, o jornal brasileiro “Folha
do Norte” dos dias 4 e 6 de Março de 1946, elogiava esse português estimado em
Irituia. Tecia-lhe um grande elogio e transcrevia parte do seu testamento, onde
dizia que deixava parte das suas propriedades aos seus servidores, aos filhos e
descendentes dos mesmos, com obrigações de construção de escolas e pagamentos à
professora, mobiliário e material didáctico, e um legado especial para
sustentar, com o juro, a sua manutenção. Deixa ainda a várias instituições do
Brasil.
Obra
Para Portugal, o Sr. Albino Joaquim Rodrigues
deixou em testamento 15.000$00 a Maria Paiva Soares Ferreira, sua afilhada de Escalhão.
Ao seu amigo António Exposto de Sousa, de Moreira de Rei, 15.000$00. Distribuiu
legados pelo Hospício dos Expostos, Asilo de Infância Desvalida e Hospital de
Fafe, e ainda pelo Asilo das Raparigas Abandonadas e do Albergue das Crianças
Abandonadas de Lisboa.
Aos pobres das freguesias de Ribeiros, Estorãos e Moreira de
Rei doou 5.000$00. A distribuição foi feita pelos párocos das freguesias.
Deliberou ainda no seu testamento que, depois de se ter pago todos os legados e
cumpridas todas as disposições, o remanescente de todos seus bens, direitos e
acções que tinha em Portugal, seriam pertencentes à Câmara Municipal de Fafe,
para esta criar uma escola primária na freguesia de Santa Maria de Ribeiros.
Ora, passados vinte e três anos sobre a sua
morte, pelo menos depois de se saber da sua disposição final, ainda não se
conhecia qual o destino que tinha sido dado ao dinheiro doado. É assim que nos
aparece um articulista a reclamar para a freguesia a quantia legada e saber o
destino que terá sido dado à herança do benemérito.
O mesmo articulista, que assina J.S., insurge-se contra o esquecimento a que votaram Albino Joaquim Rodrigues pois não se falava nele, que tinha sido um bom homem da freguesia, e que esta tinha obrigação de não o deixar esquecer.
Faz um apelo aos professores para que o apontem às crianças
como um amigo delas. Saiu analfabeto e pobre de Ribeiros e, quando lá longe
morreu, não se esqueceu da sua terra.
Não sabendo que Ribeiros já tinha escola doou
dinheiro para a construção de uma. O mesmo artigo apelava ao povo de Ribeiros e
às suas autoridades, que se reparasse condignamente a ingratidão que cometeu ao
votar ao ostracismo a memória daquele conterrâneo e grande benfeitor. Sugeria
até que se desse o nome de “Albino Joaquim Rodrigues” à escola de Ribeiros, e
no dia da sessão solene fosse explicado o destino do dinheiro.
Fonte: Museu da Emigração